Criada pelo professor e pesquisador brasileiro Leonardo Viana, a Ágora é uma teoria do campo das representações sociais, amparada pela Psicossociologia, que representa um voo não só ao mundo acadêmico, mas também ao mundo dos negócios. O entendimento desta teoria gira em torno de dois pontos principais onde reside seu ineditismo: 1) agrupar pessoas com pensamentos afins (formando-se as ágoras) e, a partir daí, entender o que motivam tais afinidades. 2) agrupar pessoas a partir do que elas acham sobre determinado assunto, somado ao que estas pessoas acham que os outros acham sobre esse mesmo assunto. Deu confusão? Calma, vamos a alguns exemplos:

Sobre o primeiro ponto (agrupar pessoas com pensamentos afins e, a partir daí, entender o que motivam tais afinidades):

A  Ágora traz um olhar diferenciado, uma vez que teorias da área centram a reunião de pessoas por outros critérios que não o ideológico, gerando eventuais falhas de generalizações. Por exemplo, vamos pesquisar o que os moradores de um prédio X pensam. Suponhamos que sejam 100 ao total e, destes, 89 pensem de forma semelhante (gostam da cor verde). Na divulgação do resultado, é comum ver a afirmação de que os moradores do prédio X gostam da cor verde, resguardados pelo fato de 89 ser a maioria, mas deixando de lado que 11 pessoas não gostam de verde (Figura 1). Este é um problema comum em noticiários, debates políticos, conversas informais e na academia. Outro exemplo – é recorrente encontrar afirmações como: o brasileiro gosta de samba, ignorando-se o fato de que existem brasileiros que não gostam.

Figura1 – Delimitação da população constituída por critério estabelecido pelo pesquisador.

Fonte: Viana (2020)

Enfim, estas breves reflexões nos mostram que a Ágora proporciona agrupamentos orgânicos, ou seja, primeiro formam-se os conjuntos a partir dos pensamentos e/ou pontos de vista comuns das pessoas. E em seguida, analisa-se estes grupos, observando principalmente os porquês de pensarem de tal forma. Na mão inversa, estudos em representações sociais, primeiramente, tomam como observável um agrupamento já dado – como os exemplos dos moradores de um prédio e dos brasileiros – para depois analisá-los em suas visões de mundo. Justamente por permitir reunir aqueles que partilham as mesmas ideias, como “bolhas ideológicas”, o uso da Ágora dá a oportunidade de entendermos como são, de onde vêm e o que motiva as pessoas de um pensamento tal a pensarem dessa forma (Figura 2).

Figura 2- A formação de ágoras com grupos diferentes.

Fonte: Viana (2020)

Vamos ao segundo ponto de pioneirismo da teoria (saber o que uma pessoa acha sobre determinado assunto e, também, o que esta pessoa acha que o outro acha sobre esse mesmo assunto):

Este ponto é uma menção ao ego (eu) e ao alter (outro), termos próprios da Psicologia. Isso porque somos pessoas carregadas de individualidade ao mesmo tempo que inseridas em contextos sociais. Com isso, a busca por entender a completude de alguém necessariamente passa pela compreensão de suas marcas individuais e aquelas originadas na sociabilidade. Em nome disso, a teoria da Ágora lança mão de agrupar ideologicamente as pessoas que pensam semelhante nas duas possibilidades de equação abaixo:

Ágora A = sobre o assunto X, eu acho Y + eu acho que o outro também acha Y sobre X

OU

Ágora B = sobre o assunto X, eu acho Y + eu acho que o outro acha Z sobre X

Veja na Figura 3 a formação de grupos pelos pensamentos afins a partir do ego e do alter:

Figura 3 – Ágora no entendimento ego e alter

Fonte: Viana (2020)

A Ágora é, portanto, uma teoria, que engloba uma metodologia, isto é, um modo de fazer, na medida em que determina de que forma se chega a um grupo de pessoas representantes de determinado pensamento. Lembre-se que tradições nesta área de estudo dificilmente chegam a grupos como estes, uma vez que seus conglomerados não seguem o critério ideológico e sim critérios objetivos como a reunião de pessoas em lugar pré-definido.

Planos de Afinidades

A elaboração da Teoria da Ágora prevê sua aplicação por meio de uma metodologia-chave encampada por dois pontos principais: a utilização de palavras-chave e seus enquadramentos em um plano de afinidades.

O uso de palavras-chave é uma forma de agrupar pessoas pelos seus pensamentos a respeito de determinado assunto. Por exemplo, perguntando a alguém o que ela acha sobre futebol, resumido em uma palavra ou podendo ser mais de uma. Se sua resposta for “paixão”, fará parte do grupo de pessoas (ágora) que também responderam assim. Caso a resposta seja “paixão” e “sorte”, fará parte do agrupamento que deste modo considera o futebol.

O plano de afinidades está diretamente relacionado à quantidade de palavras-chave afins entre as pessoas, mencionadas em uma resposta sobre um tema. O plano é constituído por cinco níveis, em que quanto maior o nível, maior a afinidade entre as ideologias. Valendo-se novamente do exemplo, vamos a este entendimento: sobre o tema futebol, a pessoa pode responder com até cinco palavras-chave. Quanto mais palavras citadas em comum, maior a afinidade do grupo formado. A ágora constituída pelas pessoas que citaram “paixão” é de nível 1 (pela presença de uma única palavra afim), já aquela formada pelos sujeitos que citaram “paixão” e “sorte” é de nível 2 (pela presença de duas palavras afins) e assim sucessivamente. Desta forma, a ágora de nível 2 apresenta mais afinidade de pensamento entre as pessoas do que aquela de nível 1.

Veja a ilustração a seguir:

Figura 4 – Plano de afinidades de ágoras

 

Fonte: Viana (2020)

Curiosidade: de onde vem a palavra Ágora?

A palavra “Ágora”, na Grécia Antiga, representava uma praça pública onde se discutiam ideias importantes para a “polis”. A Ágora, como espaço coletivo, também se aplicava a tempos, altares e pequenos santuários, alguns dedicados aos heróis, tais como os semideuses da mitologia grega (Figura 5). Adotamos esse princípio de coconstrução de imagens do mundo na troca pública, por sujeitos de uma mesma comunidade, como expressão capaz de modelizar a coconstrução de representações que incluem ideias fenômenos e/ou fatos que emergem dos interesses individuais e sociais de grupos.

Para nós, a compreensão de uma “Ágora” é relativamente simples: são conjuntos de pessoas que possuem e compartilham uma representação social, seja de si (EGO), seja do outro (ALTER). Entende-se aqui a Ágora como uma estrutura que se constitui de forma espontânea, pois faz emergir ideias a respeito de objetos, fenômenos e/ou fatos etc. Ou seja, representações
sociais compartilhadas.

Figura 5 – Ágora de Atenas

Fonte: Viana (2020)

Sobre a marca

A marca da Ágora possui uma representação própria vinda da natureza da teoria que discute a unicidade entre ALTER, EGO e OBJETO formando um triângulo único. O triângulo representa também a formação dos grupos e as diferentes cores, tanto quentes quanto frias, representam a diversidade do pensamento e dos grupos com suas diversas matizes, diferenças e ângulos de uma mesma ideologia. A marca também representa as inicias que formam a tríplice Alter, Ego e Objeto:

 


Veja mais:

Mas, na prática, para que serve a Ágora?

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A Tese que deu origem ao Sistema de Ágoras, clique aqui.

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